28 novembro 2005

Boss

Nem sei como dizer… mas sinto a sua falta…
Nunca falei aqui do assunto que hoje estou a falar…
Aliás, tento não falar muito nisto, embora pense nisto todos os dias, e tenho dias que penso varias vezes…


Vou começar:

Em Abril de 2005, faleceu o meu “Boss”. Morreu de enfarte, e foi uma surpresa enorme para mim… para mim e para quase todos que o conheciam.
Ele era divertido, bem-humorado, exigente, e tinha conquistado um estatuto, que ele queira lá saber o que os outros pensavam dele (talvez aqui era onde surgia o mau feitio)

Conheci-o em Janeiro de 1999, e estava a trabalhar com ele à já 6 anos.
Apesar do seu mau feito e de dizer algumas bocas que não me agradavam, eu passa à frente e não ligava.
E eu também dizia e fazia certas e determinadas coisas que não lhe agradava. Por exemplo, quando estava chateada, ele dizia que eu estava de trombas, e na realidade estava mesmo. Outra, era eu chegar atrasada, ele passava-se literalmente, mas passado 5 minutos já estava tudo bem.
Ele era muito animado e estava sempre a contar piadas, algumas até impróprias para uma menina/senhora, mas como ele dizia, no trabalho não há sexos diferentes, é tudo igual, e mesmo assim, uma senhora não tem ouvidos, coisas do estilo (ele inventava-as).
Depois de algum convívio ele já dizia que eu era a dona da empresa, e que eu fazia o que eu queira (patrões!), e que eu era como uma filha dele (e podia ser, ele era apenas 1 ano mais novo que o meu pai).
Eu sabia coisas pessoais dele… ele desabafava comigo alguns dos seus problemas… enfim! Além de patrão, era colega e amigo (mais tipo pai, mas sempre amigo).
Eu sempre tirei os dias que precisava, ia de ferias quando queria, claro que só não tinha o ordenado que queria, mas pronto!

Quando o país começou a atravessar esta crise, a empresa foi um pouco abaixo, e isso deve ter mexido com o meu “Boss”.
Ele andava stressado, fumava imenso (as vezes tinha 2 cigarros acessos ao mesmo tempo), só pensava em $ e em cheques…
Estava-se a adivinhar um enfarte, que eu nunca pensei que chegasse… Mas chegou…
No início de Abril, houve um ameaço, ele ainda tentou desviar e conseguiu superar...
Mas a 19 de Abril, não resistiu.
Nessa terça feira de manha, ligou-me a mãe dele a perguntar por ele, o empregado do pai dele foi até ao escritório para saber dele, até que ligou a secretaria do pai dele, aflita sem saber o que dizer, apenas dizia: “Rute, eu não sei… eu não sei”… E eu fui de imediato a casa dele…
A casa dele… Nunca lá tinha entrado… e quando cheguei os meus olhos não queiram acreditar…eu recusava-me a ver o que estava a ver…
E ter que dizer ao filho dele o que se passava… simplesmente não disse … Perguntei ao R. se ele queria mesmo entrar, (na altura que ele chegou, parecia que ele queira correr para lá, para dentro… mas fazer o quê? Ver o quê?) Eu tive que lhe dizer que ele estava um pouco frio… (AI! O que dizer nestas altura…SOCORRO!)

Acho que só depois com o passar do tempo é que fui acreditando no que se tinha passado.

Apesar de me lembrar no meu “Boss” todos os dias, hoje lembrei-me mais do que é normal.

Hoje, passados mais de 7 meses, voltei entrar naquela casa, que por sinal tem uma vista linda, mas tudo me faz lembrar ele.

Aliás tudo me faz lembrar ele.
Desde a ementa do restaurante: “pataniscas com arroz de feijão”, que era um dos pratos favoritos dele…
Na papelaria, o “24 horas”, jornal diário dele, que eu muitas das vezes até trazia da rua.
A assinatura dele na página da CGD da Internet, que apesar de tantos meses e depois de eles dizerem que está tudo actualizado continua aparecer o nome dele quando pedimos acesso.
É o telemóvel dele tocar…
O telefonema de um cliente que já não falávamos há alguns meses e pergunta por ele.
É saber que ele tinha ido ao casino, e tinha ganho ou perdido $, e mais ninguém saber.
É ouvir falar nos Rotary…
É ver um dos melhores amigos dele, e agora esse amigo anda sozinho.
É não saber se estou a tomar a atitude mais correcta em determinado assunto com determinado cliente…


Do que não sinto falta:
Dos telefonemas às 9h 29m a perguntar pelo correio
Dos telefonemas às 18h 01m a perguntar se houve alguma coisa.
Dos telefonemas aos sábados e domingos, seja qual fosse a hora, até mesmo as 22h.
Do tabaco…


Apesar de tudo, sinto a sua falta. Durante muito tempo falava nele sempre no presente, como se ele estivesse ainda vivo, e agora já estou a começar a falar no passado.
Não sei se é positivo, se negativo.

Este é um dos assuntos que me tem deixado em baixo, mas mesmo muito em baixo. E hoje senti necessidade de falar sobre ele…

“Até um dia, Chefe”

4 comentários:

Anónimo disse...

Fez-te bem desabafar, mas tens que pensar em ti e não podes desanimar e para isso andas a reeducar-te na alimentação para não teres problemas de saúde, por isso toca alevantar a cabeça sorrir para o mundo e lá vais tu vencer masi uma batalha. beijufas cuscas

Anónimo disse...

lindo!muito lindo!beijinhos.e mais não digo...

caticosta disse...

oi amiga!

Sabes ando assim tb um pouco desanimada... até me veio a lágrima ao canto do olho, tudo me faz chorar nos últimos 4 dias... desde de sábado que me sinto desanimada, triste e infeliz... são pequenas coisas mas tudo junto faz uma pessoa ir a baixo. Ultimamente os posts de duas pessoas têm-me lembrado uma pessoa que vive no meu coração mas que já não está junto a mim, é o teu post e o de uma amiga minha de longa data a Susana... fizeram-me lembrar que o meu pai tb já não está junto a mim, não é que não pense todos os dias mas os vossos posts são lindos, falam de alegria, amizade, conflitos e Amor. Amiga temos de ter força pk infelizmente muitas das pessoas que amamos que estão neste momemto junto a nós... infelizmente n vai ser para sempre, como sempre achei.. até ao dia em que o meu pai adoeceu e que descubri que não iria durar muito mais... tentei estar perto dele o mais tempo possivel para dizer um "adeus!", mas por incrivel que pareça nunca me despedi... pensei que ele estaria sempre perto de mim... e está... NO MEU CORAÇÃO COM MUITO AMOR.

Beijos linda
:')

P disse...

Quero-te ver sempre feliz. Usa essa tua energia no sentido positivo da tua vida. Beijocas da amiga Pati